sexta-feira, 4 de maio de 2012

Capítulo 11: O aeroporto dos mortos. Parte 2


    Depois de se assustar com o “Quem está aí?” de alguém, Shizuki foi até a última cabine – de onde viera a voz – armado e preparado para qualquer coisa.
    A cabine estava fechada, porém não trancada.
    Então ele a abriu bem devagar.
    De repente, depois de abrir a cabine, ele se viu alvo certo de tiro de um homem, que mirava o policial japonês com uma pistola. Shizuki percebeu, pela roupa do rapaz, que o mesmo também era policial. Então ele deixou escapar um suspiro profundo e disse, abaixando sua arma:
    - Shizuki Hoshimuro, policial federal do Japão – ele estendeu a mão ao homem.
    - Meu nome é Thomas, Thomas Andrea – se apresentou o outro, abaixando a arma e também se aliviando. – Me desculpe, ouvi o barulho de alguém carregando uma arma e pensei que era um nazista – os dois apertaram as mãos.
    Shizuki estranhou o que Thomas falou, então não deixou de perguntar:
    - Por que você pensou que eu era um nazista? Eles, que eu saiba, já não existem.
    - É uma longa história…

    Em outra parte do aeroporto, no andar de cima de onde estavam Shizuki e Thomas, Sophia, uma estudante do ensino médio de Bayherd, acabara de se salvar entrando na cabine do centro de controle do aeroporto.
    Era uma sala que ficava ao final de um corredor perto dos banheiros do terceiro andar.
    Depois de entrar na enorme sala, ela chamou por ajuda:
    - Tem alguém aqui?
    Silêncio.
   Ela ouvia gritaria do lado de fora. Depois um chiado em alguma parte do lugar. Então Sophia resolveu entrar de vez na sala, onde viu diversas telas de câmeras de segurança do aeroporto ligadas, algumas chiando e sem imagem, outras com imagem de pessoas correndo desesperadas sem destino, além de algumas mostrando o momento exato de zumbis devorando inocentes.
    Em frente ao painel das câmeras, havia uma poltrona com alguém sentado nela. A garota não conseguia ver quem era, pois a poltrona estava de costas para ela. Daí Sophia decidiu chegar mais perto por procura de ajuda.
    De repente a poltrona virou e a pessoa que estava sentada atacou a menina, que desviou a tempo, fazendo o indivíduo cair no chão. Depois ela viu que a pessoa era um zumbi.
    Sophia se desesperou e saiu correndo em direção a porta, porém, no meio do caminho, havia dois zumbis esperando-a. “E agora? O que eu faço?”, se perguntou vendo-se cercada. Então ela viu algumas cadeiras e logo as pegou, jogando todas contra os inimigos. Depois ela aproveitou que seu ataque abrira caminho, e saiu do lugar às pressas.
    Ao sair da sala, ela percebeu que o barulho do caos havia acabado: os zumbis já haviam matado todas as pessoas do aeroporto.
    - O que houve? – se perguntou chorando – O que há de errado com essas pessoas? É o fim do mundo?    Ela olhou para trás e viu dezenas de zumbis andando lentamente em sua direção. Ela correu para o outro lado, mas outros vários zumbis já estavam lá também.
    Ela parou.
      Estava muito abalada com a morte dos pais minutos atrás.
    Um barulho de rosnado atrás.
    “Ah, não!”, pensou depois de perceber zumbis logo ao lado. Ela se virou e viu outros zumbis a metros de distância. Depois olhou em volta e viu que estava dentro de uma roda de mortos, todos se aproximando.    Quando eles a atacaram… POUM! POUM! POUM!
    Alguém atirou na cabeça de alguns mortos-vivos, assim a salvando.
    - Hã? Quem fez isso? – perguntou depois de ver os corpos sem cabeça dos zumbis caírem.
    Um homem de cabelos pretos, lisos, até os ombros e de pele parda, cuja roupa normal lembrava um policial: ele usava uma jaqueta grossa preta aberta, com uma camiseta preta por baixo e calça jeans. Além de estar armado com uma Shotgun, a mesma que acertara os zumbis na cabeça.
    Ele se aproximou de Sophia e a puxou, salvando-a de outros zumbis, que quase a morderam.
    - Quem é você? – perguntou Sophia enquanto estava correndo com o rapaz.
    - Temos que sair daqui, senão morreremos! – respondeu olhando para trás.
    - Boa resposta! – murmurou a garota – Por que não vamos pela entrada principal?
    - Não tem como! Esses mortos causaram estragos em diversos pontos do aeroporto, inclusive bloquearam a entrada.
    - Então o que faremos? – indagou Sophia desesperada.
    O homem parecia não estar com nenhuma vontade de responder, mas respondeu:
    - Precisamos fugir pela saída de incêndio.
    - Que dará?…
    - No estacionamento.
    Os dois continuaram correndo – sempre desviando dos zumbis – ao sentido do elevador de emergência.    Quando chegaram, o homem arrombou a porta e ambos entraram. Quando a porta se fechou, ele apertou o botão que fazia o móvel descer ao estacionamento do aeroporto, no térreo.
    - Parece que aquelas pessoas querem nos devorar – comentou Sophia, estremecendo.
    O rapaz nem ligou.
    Quando o elevador parou e a porta abriu, ambos dispararam pelo estacionamento – onde também havia zumbis.
    - E agora? – perguntou a garota.
    O rapaz não respondeu, mas quando viu um carro de portas abertas, correu em sua direção.
    Ao chegar, o motorista estava morto, provavelmente vítima dos canibais.
    - O motor ainda está ligado – observou o rapaz.
    - Então vamos logo, olhe para trás!
    Havia muitos mortos se aproximando – lentamente, mas ao mesmo tempo selvagens – deles. O homem entrou no carro, empurrou o cadáver para fora e, quando Sophia já estava no veículo, partiram rumo à saída do estacionamento.
    - Está abastecido – falou o rapaz, depois de olhar para o relógio da gasolina. – Conseguiremos sair vivos.
    Eles continuaram até chegar na avenida, onde havia duas placas: a da esquerda dizia FILADÉLFIA; a da direita BAYHERD.
    Porém, a rua que dava à Filadélfia estava bloqueada por veículos batidos pegando fogo, então, como não dava para entrar na floresta, viraram para Bayherd.
    - Ah, não – murmurou Sophia.
    - O que foi?
    - Bayherd…
    - Bayherd? O quê que tem?
    - Bayherd está infestada de zumbis – ela estava quase chorando. – Resumindo: foi lá onde tudo começou.
    Eles estavam quase entrando na cidade.
    - Então, agora podemos nos apresentar? – perguntou Sophia olhando para o aeroporto e vendo a tentativa sem sucesso dos zumbis pulando para a cidade. Todos caíam no território do aeroporto, que era separado da cidade por um imenso muro. – Eu sou Sophia, Sophia Macurt!!! Prazer.
    - Meu nome é Connor Meicons.
    Sophia estranhou algo:
    - Eu acho que já ouvi esse nome em algum lugar…
    - Meu nome? – Connor estranhou. Mas mudou de assunto: – Então quer dizer que enfrentaremos zumbis aqui também? – indagou observando a paisagem de destruição das casas, carros e ruas, assim que entraram em Bayherd.
    - Hã-ham – Sophia estremeceu, parecia apavorada só de olhar a estranha cidade deserta. – Por isso o desespero das pessoas no aeroporto.
    - Bom, então parece que saímos de uma enrascada para entrar em outra pior ainda.
    Continuaram em silêncio.
    Havia muitas pessoas – ou melhor, zumbis – vagando pelas ruas. Tudo estava destruído ou manchado de sangue. Realmente era assustador.
    De repente, Sophia sentiu algo tocando nela. Então deu um grito de espanto muito alto, e percebeu que era a mão de alguém que estava no banco de trás.
    Era um zumbi.
    Ele se levantou, o que deixou a garota ainda mais desesperada.
    O zumbi tentou morder Connor, que, graças ao desvio do ataque, perdeu o controle do carro. O veículo ficou desgovernado, indo para um lado e para o outro, batendo nas paredes e atropelando os mortos da rua.
    - Connor, cuidado!!
    - Droga!!!
    Enquanto Connor lutava para não ser mordido, Sophia se desesperava, gritando a toda hora.
    Daí o carro bateu num muro agressivamente, parando imediatamente e fazendo o morto voar para fora do automóvel e parar no telhado de uma casa.
    - Sophia, você está bem? – perguntou Connor, aliviado.
    - Acho… acho… acho que estou.
    Os dois não se machucaram, mas o carro ficou muito danificado.
    Eles saíram do veículo, quando se depararam com uma multidão de mortos e cães, que pareciam também mortos, todos preparados para atacá-los.
    - Parece que hoje não é o meu dia – ironizou a garota, tentando não sair correndo desesperada.    Connor olhou para trás e viu um bar-hotel como refúgio, cujo nome estava numa placa em néon que mudava de cor a toda hora: Malold’s Bar.
    - Vamos, Sophia, corra!    Eles não perderam tempo e entraram no lugar, trancando a porta atrás de si.    - Estamos a salvo – suspirou Sophia profundamente.
    Porém…
    - Ah, não – lamentou-se Connor. – Olhe!
    Eles estavam cercados de zumbis.
    - É – falou a garota –, como eu disse, hoje não é o meu dia.

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